Esta dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Educação de Jovens e Adultos (MPEJA) da Universidade Estadual do Estado da Bahia –UNEB, tratoudas questões étnico-raciais na Educação de jovens e adultos em prisões: um estudo de intervenção pedagógica de formação continuada dos professores da Penitenciária de Serrinha –BA. Teve comoobjeto de pesquisa e produto pedagógico o processo de intervenção educativa com os professores da citada penitenciária, em que temáticas sobre a cultura afro-brasileira imbricadas em uma prática pedagógica dinâmica, criativa e críticafoi posta em prática com o intuito de possibilitar reflexões e ações concretas de inserção de conteúdos afro-brasileiro na proposta pedagógica dos apenados que frequentam a EJA em prisão. Essa pesquisa norteoupelas inquietações: Qual é o trabalho pedagógico envolvendo as questões étnico-raciais e o ensino da cultura afro-brasileira e africana realizado pelos docentes da EJA que atuam no âmbito prisional de Serrinha –BA? Como eles percebem a questão racial e a própria efetivação da Lei 10.639/03? De que maneira uma intervenção pedagógica nas questões da história e cultura afro-brasileira e africana contribuiria para qualificar a prática desses docentes? Destarte, como objetivo geral compreender o trabalho pedagógico envolvendo as questões étnico-raciais e o ensino da cultura afro-brasileira e africana realizado pelos docentes da EJA que atuam no âmbito prisional de Serrinha –BA, percebendo seus discursos em relação a questão racial e a própria efetivação da Lei 10.639/03, bem como avaliar, em termos de ensino e aprendizagens, a intervenção pedagógica junto aos professores no intuito de saber se tal intervenção contribui na melhoria da prática docente. Para tanto, delineamos procedimentos metodológicos, numa abordagem qualitativa de pesquisa, alicerçado a pesquisa de intervenção educativa. As técnicas de investigação concerne grupo focal reflexivo, questionário, observação, registro em diário de campo, dispositivo de avaliação contínua, projeto de intervenção educativa. O cenário da pesquisa, Conjunto Penal de Serrinha-ba, considerado de segurança máxima, seus direcionamentos abarcam ao regime RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), os sujeitos abrangem os docentes em serviço dessa Unidade. Como contributos teóricos na discussão sobre a EJA em prisões Irlend (2011), Julião (2007), Onofre (2002, 2007, 2008, 2009 2010,2011, 2012, 2013, 2015), Pereira (2011, 2018), sobre educação das relações étnico-raciais Gomes (2006), Munanga (1996), Santos (2001), formação de professores Imbernón (2004), Nóvoa (1997) e humanização Arroyo (2005), Freire (2005). Os resultados demonstraram a existencialidade do silenciamento étnico-racial eque as concepções hegemônicas construídas ideologicamente sobre a questão racial permanece vivaz nas memórias e atitudes dos sujeitos de forma camuflada. No processo interventivo, esses conceitos vigentes foram sendo desvelados pelos professores, a partirda visão de negação sobre o racismo e democracia racial. Os achados relativos aos efeitos da intervenção demonstraram que o trabalho pedagógico expressado pelos professores foi modificado, passaram a buscar a seletividade dos materiais que serão utilizados na sala de aula, como os textos, o instrumental didático-pedagógicos para que sirvam como fontes de afirmação a identidade negra e com possibilidades de contribuir com o processo de reintegração social. Espera-se que essa pesquisa possa corroborar para rompimento do silêncio étnico-racial, enfrentamento e combate a discriminação e ao racismo, que oportunizem igualdade de direitos sociais, que fortaleça o processo de humanização dos sujeitos e propicie inquietudes e debates sobre as relações étnico-raciaisno currículo e no projeto de vida. Palavra-chaves: EJA no espaço da prisão-Intervenção pedagógica-Relações étnico-raciais