Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado Acadêmico) em Estudo de Linguagens (PPGEL)

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    A harmonia vocálica de /e/: uma análise sociolinguística na comunidade de Santo Antônio de Jesus
    (Universidade do Estado da Bahia, 2023-03-16) Correia, Amanda Galiza; Gomes, Aline Silva; Lopes, Norma da Silva; Souza, Pedro Daniel dos Santos; Gayer, Juliana Escalier Ludwing; Gonçalves, Clézio Roberto
    Com base na perspectiva da Sociolinguística Variacionista proposta por Labov (2008 [1972]), nesta dissertação tem-se como foco principal descrever o fenômeno variável da harmonia vocálica de /e/ em dados da fala popular de Santo Antônio de Jesus, cidade do estado da Bahia. A Harmonia Vocálica (HV) é um processo fonológico de assimilação regressiva que se caracteriza pela elevação das vogais médias /e/ e /o/ em correspondência à influência de uma vogal alta /i/ ou /u/ em sílaba adjacente, como em b/e/bida ~ b/i/bida, f[i/]rida ~f[e]rida e etc. Neste estudo, analisaram-se os contextos favoráveis e desfavoráveis para a aplicação da regra da HV na cidade de Santo Antônio de Jesus, averiguou-se se os contextos favoráveis e desfavoráveis para a aplicação da regra são os mesmos observados em outras amostras do português brasileiro, bem como se investigouse há diferença entre os resultados encontrados na sede e na zona rural da comunidade pesquisada. Além disso, se avaliou se o fenômeno encontra-se em processo de estabilidade ou de mudança linguística no português do interior do estado da Bahia. Além dos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Laboviana, tomou-se como baliza a Fonologia Autossegmental e a Geometria deTraços como modelos fonológicos de estudo. No que tange aos procedimentos metodológicos, o corpus alvo de observação são entrevistas realizadas com 24 informantes, sendo 12 falantes da zona sede e 12 da zona rural da comunidade mencionada. As informações analisadas pertencem ao acervo do Projeto Vertentes do Português Popular do Estado da Bahia. As variáveis linguísticas controladas nesta pesquisa foram: contiguidade, homorganicidade, nasalidade, contexto fonológico precedente (do alvo), contexto fonológico seguinte (do alvo), atonicidade, tonicidade, localização morfológica do gatilho, tipo de sílaba, classe gramatical.Como variáveis sociais consideraram-se: sexo, idade, escolaridade, zonas e estada fora da comunidade.Para defini-las, tomamos como aporte diferentes pesquisas como Bisol (1981), Schwindt (1995 [2002]), Fernandes (2016) e Casagrande (2004).Os resultados gerais denotam que a regra variável da HV na comunidade de Santo Antônio de Jesus é favorecida pelos contextos linguísticos contiguidade (vogais contíguas), nasalidade (oral e nasal na sílaba seguinte) e tipo de sílaba (em sílabas sem coda).
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    Na vida com todas as letras: manifestações sociais da escrita: práticas escolares e usos cotidianos
    (Universidade do Estado da Bahia, 2009) Mendonça, Lívia de Carvalho; Bulhões, Ligia Pellon de Lima; Borges, Carla Luzia Carneiro; Gilberto Nazareno Telles , Gilberto Nazareno Telles
    Este trabalho é resultado de pesquisa etnográfica, de base qualitativa, sobre a escrita enquanto um conjunto de práticas sócio-históricas. O seu objeto são as atividades de escrita desenvolvidas por duas escolas municipais de Feira de Santana – BA, cujos alunos são dos bairros de Sobradinho e Baraúna, e a sua relação com os usos cotidianos de escrita destes sujeitos no espaço familiar e comunitário. Uma escola é de educação regular, enquanto a outra apresenta uma proposta alternativa de ensino. Foram entrevistados quatro alunos e sete pais de alunos que residem há mais de quinze anos nos dois bairros. Os objetivos do trabalho foram: investigar se as práticas escolares de escrita atendem aos propósitos discursivos dos sujeitos; qual a atitude assumida pelos sujeitos com relação às suas práticas escolares de escrita; quais os gêneros textuais de escrita são contemplados na escola, e se eles se identificam com os gêneros textuais que circulam na vida cotidiana dos sujeitos; e, qual a relação que se estabelece entre oralidade, escrita e contexto de interação verbal. O referencial teórico utilizado pela pesquisa diz respeito a concepções de escrita em uma perspectiva sócio-cultural e no contexto de diferentes práticas discursivas dos diferentes sujeitos, com base em uma seleção de autores. Foi feita pesquisa de campo que contou, no total, com dezesseis visitas aos bairros. Escolheu-se um grupo representativo de sujeitos de acordo com os seguintes fatores ou variáveis sociais: gênero, faixa etária, escolaridade, tempo de moradia no local, profissão e renda familiar. Foram realizadas entrevistas abertas com temas gerais referentes às relações familiares, práticas de lazer, função na comunidade, práticas religiosas e práticas de escrita. Considerou-se também como procedimento de pesquisa a observação da atitude dos sujeitos com relação às suas práticas sociais, em especial às suas experiências enquanto leitores e redatores, tanto no contexto escolar quanto em sua vida cotidiana. Concluiu-se que os fatores ou variáveis: idade dos alunos, profissão e espaço comunitário são pertinentes para caracterizar as práticas de escrita dos sujeitos investigados. E que a escola tradicional ainda fundamenta o trabalho em língua portuguesa em uma concepção tradicional de língua e escrita, já que privilegia o estudo de regras da gramática normativa. Concluiu-se também que a escola complementar tem uma visão contraditória de língua e de escrita, por desenvolver uma prática tradicional de ensino do português, ao mesmo tempo em que, teoricamente, adota o texto como unidade do trabalho com a língua, considerando-a na perspectiva dos usos, como sugerem os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Básica (1997). Portanto, de um modo geral, concluiu-se que não há relação entre as escritas escolares e as práticas sociais de escrita que fazem parte do cotidiano dos sujeitos. Por isso, conhecer os indivíduos torna-se imprescindível, o que mostra que não se pode simplesmente querer desenvolver atividades de leitura e de produção de textos na escola desvinculadas da realidade dos sujeitos, sob pena de estes estarem fadados a não se tornarem redatores e leitores eficientes, ou seja, a serem excluídos da vida com todas as letras.
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    Linguagem, discurso e exclusão: uma visão de textos dissertativos de alunos universitários
    (Universidade do Estado da Bahia, 2008-04-22) Gomes Filho, José; Machado, Rosa Helena Blanco; Silva, Maria da Conceição Fonseca; Oliveira, Jaciara Ornélia Nogueira de; Santana Neto, João Antônio
    A dissertação busca analisar as razões lingüísticas, discursivas e argumentativas que justificam um discurso preconceituoso de professores universitários do ensino superior privado em relação a textos acadêmicos, em especial no gênero textual: a dissertação argumentativa de alunos, sobretudo alunos recém ingressos no ensino superior. A pesquisa foi feita a partir da análise de dez redações de alunos da Faculdade Social da Bahia, provenientes de vários cursos superiores, com o objetivo de analisar o discurso discente e as observações metalingüísticas docentes em torno aos problemas lingüísticos e textuais encontrados nesta produção. Paralelamente se efetuaram entrevistas (10) com professores de diferentes áreas de ensino e de diferentes semestres da mesma Faculdade para identificar aí e apreender as significações sobre o que seja um bom texto e a capacidade/domínio da língua pelo aluno, autorizando-nos a pensar, a partir dos ensinamentos da análise do discurso sobre as “formações discursivas” que legitimam a formulação e a circulação desses dizeres denotadores de um poder/saber que autoriza a exclusão daqueles que não o seguem, além de se analisarem também do ponto de vista da Análise do Discurso, alguns conceitos básicos e as competências interativa, textual e gramatical relativas à produção textual conforme os PCN Ensino Médio +: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais, de modo que se estabeleçam oposições/confrontos entre estes discursos e o que é verificado na prática discursivo-pedagógica do professor em relação à produção do aluno do ensino superior aqui abordado. Como suporte teórico, utilizou-se da Análise do Discurso da linha francesa, filiada a Michel Pêcheux, com o propósito de, a partir de alguns de seus dispositivos, identificar as razões das interdições que excluem os saberes lingüísticos demonstrados pelos alunos em sua produção escolar. Também foi utilizada a Teoria da Argumentação: A nova retórica, de Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca na análise de uma parte de dados de nosso corpus.
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    Concordância verbal, mercado de trabalho e ensino médio: um olhar sociolingüístico sobre a fala e escrita de mulheres de comunidades populares de salvador
    (Universidade do Estado da Bahia, 2009) Mattos, Mattos, Andréa Andrade de; Lopes, Norma da Silva; Bulhões, Lígia Pellon de Lima; Souza , Emília Helena Portella Monteiro de
    Esta dissertação analisa, a partir da teoria Sociolingüística Variacionista, a aplicação da concordância verbal de terceira pessoa do plural em textos oral e escrito de 12 mulheres que estão em fase de conclusão do terceiro ano do Ensino Médio, em escola pública de Salvador no turno noturno, observando as variações lingüísticas e sociais e suas correlações. A pesquisa parte de dois pressupostos: primeiramente, a concordância verbal é um fenômeno lingüístico variável e sofre fortes influências – e estigmatização – sociais, por, historicamente, revelar a classe social e econômica do falante; e, em segundo lugar, a atividade profissional pode contribuir, até mais que a aprendizagem formal da língua materna proposta pela escola pública, para a aplicação das regras propostas pelas gramáticas normativas. Tendo-os como ponto de partida, o percurso deste trabalho inclui uma discussão, numa perspectiva teórica, sobre os conceitos de língua, a partir do entendimento da linguagem, suas relações com a sociedade e o ensino formal de língua portuguesa, mais especificamente o Ensino Médio e as políticas públicas para este nível de ensino, que inclui a inserção do mercado de trabalho como um de seus objetivos. Aplicando o processo metodológico da Sociolingüística, percebeu-se que, no corpus oral, as mulheres da faixa etária 1 (17-23 anos) aplicam mais a regra de concordância verbal que as mulheres da faixa etária 2 (24-35 anos) e essas mais que as da 3 (mais de 35 anos), mesmo estas tendo um maior tempo em sala de aula, por conta da aprendizagem tardia, e maior tempo no mercado de trabalho. Em contrapartida, elas estão mais identificadas com a comunidade de fala, por conta do reduzido contato com outros contextos lingüísticos. No corpus escrito, são as mulheres da faixa etária 2 quem mais correlacionam o sujeito com o verbo em número, seguidas das alunas mais novas. A variável saliência fônica, no nível 6, é/são, como a que mais favorece a aplicação de CV, enquanto o nível 1, bebe/bebem, a menos favorecedora. No texto escrito, apenas três variáveis foram selecionadas: faixa etária, posição do sujeito e saliência fônica. Além disso, o fato de essas mulheres exercerem uma atividade profissional não promove, mais que a escolarização, a aplicação de regras normativas relativas à concordância verbal, pois a profissão que desenvolvem não exige, diretamente, o uso da norma padrão. Todos estes resultados realçam que a influência da comunidade de fala é muito significativa nas normas vernaculares. Percebeu-se, também, que não há uma transferência “natural” da escrita para a oralidade, como esperam os programas educacionais.
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    Você, a gente et alia indeterminam o sujeito em Salvador
    (Universidade do Estado da Bahia, 2010-03-23) Carvalho, Valter de; Lopes , Norma da Silva; Mota , Jacyra Andrade; Bulhões, Lígia Pellon de Lima
    A presente pesquisa investigou as principais estratégias para marcar a indeterminação do sujeito na fala urbana popular e culta de Salvador, registrando-as e descrevendo-as. Buscaram-se não só as formas consideradas canônicas pelas gramáticas tradicionais, tais como as formas verbais sem sujeito lexical expresso, o verbo na 3ª pessoa do plural (Ø+V3PP), o verbo na 3ª pessoa do singular mais o pronome “se” (Ø+V3PS+SE) ou ainda o verbo no infinitivo impessoal (Ø+VINF), mas também outras estratégias como “você”, “a gente”, “nós”, “eles”, “eu”, voz passiva sem a gente (VPSA), voz passiva sintética (VPASSINT) e as “formas nominais”, como, por exemplo, “o cara, o sujeito, o pessoal” entre outras. O trabalho foi desenvolvido de acordo com o enquadramento teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista, buscando identificar os contextos extralinguísticos ou sociais (gênero/sexo, escolaridade e faixa etária) e linguísticos (forma antecedente, mudança/manutenção do referente, tempo e modo verbal, tipo de verbo, preenchimento do sujeito, tipo de oração, grau de indeterminação) que justificassem os usos encontrados. Para a realização desta pesquisa, foram analisados quarenta e quatro inquéritos do tipo DID (Diálogo entre Informante e Documentador) do Programa de Estudos sobre o Português Popular Falado de Salvador (PEPP) e do Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta de Salvador (NURC-SSA). Os dados, após sua coleta, foram submetidos à quantificação através do pacote de programa Varbrul 2S e do GoldVarb X. Os resultados mostraram que os falantes de Salvador nos diversos níveis de escolaridade fazem uso de várias estratégias para marcar a indeterminação do sujeito, principalmente das formas pronominais “você” e “a gente”, influenciadas por diversos fatores extralinguísticos e linguísticos.